Ações violentas do MST mal dissimulam que seu objetivo, longe de ser a reforma agrária, é a mera sobrevivência do grupo
Três das maiores entidades ligadas ao movimento, calcula a ONG Contas Abertas, foram agraciadas com R$ 39 milhões em dinheiro do contribuinte no primeiro mandato petista -quatro vezes mais que na segunda gestão FHC. Movido a verba pública e com muitos quadros na máquina estatal, o MST protesta.
O pretexto agora é atacar a "monocultura da cana", depois que Lula louvou os usineiros como "heróis". Interessante é notar, como fez reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", que assentados ligados ao MST no oeste paulista se associam a usineiros e plantam cana.
É inútil procurar coerência programática nas invasões e depredações de propriedades e prédios públicos, nos bloqueios de rodovias e ataques a postos de pedágio que grupos de sem-terra deslancharam no país. O protesto pelo protesto é um sinal de que o MST vai-se convertendo numa máquina burocrática, cuja preocupação é garantir sua própria sobrevivência.
O maior objetivo do movimento até a finalização da reforma ministerial era a ocupação não de fazendas mas do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A confirmação na pasta do petista Guilherme Cassel não agradou, e a disputa que se avizinha é pelo aparelhamento do Incra.
Cassel agiu bem ao deixar de medir palavras para condenar a mais nova investida do MST: "Pauta vaga, que não justifica esse padrão de violência". Espera-se de Lula a consecução de uma limpeza nos postos federais da reforma agrária. É preciso livrá-los da militância, em nome de uma mediação técnica e impessoal.
Registre-se também que o MST já ataca o Bolsa Família, decerto desconfiado de que o segredo de polichinelo da reforma agrária está prestes a ser revelado. Em grande parte dos casos, a política de assentamentos é apenas um modo mais dispendioso que os programas de renda mínima de responder à carência de renda de uma fatia ainda considerável das famílias brasileiras.
Diante da necessidade de liberar o Orçamento para que outras prioridades sejam atendidas, o Brasil precisa explicitar os custos das políticas sociais e optar pelas que atendam a mais cidadãos com os mesmos recursos.