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mst brasileiro incentivou expulsão de brasiguaios

GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A PEDRO
JUAN CABALLERO (PARAGUAI)

Responsável pela decretação do estado de exceção vigente em parte do Paraguai há uma semana, o grupo guerrilheiro EPP (Exército do Povo Paraguaio) é formado por jovens de origem pobre e camponesa, mas que têm relações próximas com o governo da Venezuela, organizações cubanas e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), segundo um coronel do Exército paraguaio.
Durante a atual década, integrantes da cúpula do movimento armado viajaram a Cuba e à Colômbia para aprender a manejar armas sofisticadas e para absorver técnicas de sobrevivência na selva desenvolvidas pelas Farc, disse à Folha o coronel, que pediu para não ter o nome divulgado.
Os membros do EPP são filhos de pequenos agricultores do interior dos departamentos de San Pedro e Concepción, onde vivem disfarçados de sem-terra. Em assentamentos, se escondem das forças de segurança e recrutam novos membros. Ao menos dois integrantes foram seminaristas, mas nenhum deles tem ensino superior.
Os sequestros e atentados praticados pelos guerrilheiros são planejados em bases cravadas na selva, que contam com túneis para esconder documentos, armas e comida.
Ao menos um deles domina a confecção de explosivos artesanais, que foram utilizados em um atentado contra a sede do Poder Judiciário em Assunção e em outras ações contra a polícia paraguaia.
De cunho leninista-marxista, o grupo se diz defensor da reforma agrária e tem como principal alvo de sequestros os fazendeiros do norte do país. É com o dinheiro dos resgates que se mantém e adquire armamento pesado, como fuzis, metralhadoras e granadas.
A última vítima de sequestro foi o pecuarista Fidel Zavala, libertado em Concepción no dia 17 de janeiro depois de 94 dias em cativeiro. O resgate rendeu US$ 550 mil ao EPP.
Além do dinheiro, os rebeldes exigiram que a família do fazendeiro repartisse parte do rebanho de suas fazendas com indígenas da região enquanto ele estava preso.
Em 2008, o sequestro de outro pecuarista, Luis Lindstron, no departamento de San Pedro, resultou em US$ 300 mil para o grupo.
O único caso de sequestro malsucedido ocorreu em 2005, quando Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas (1998-1999), foi assassinada em cativeiro. Segundo militares, a família não quis pagar o valor pedido pelo EPP.
O estado de exceção, no entanto, foi decretado somente depois que um enfrentamento dos rebeldes contra as forças de segurança resultou na morte de um policial e outras três pessoas no último dia 21 na cidade de Horqueta -no departamento de Concepción, próximo às bases do grupo.

Lugo
Antes da medida, que teve a chancela do Congresso, o presidente Fernando Lugo vinha sendo acusado pela oposição de ser conivente com os rebeldes. O presidente não reprimia de forma adequada os crimes cometidos pelo EPP porque simpatizaria com alguns integrantes, segundo a oposição.
Antes de ser eleito, quando ainda era bispo da Igreja Católica, Lugo chegou a admitir a um jornal paraguaio que conhecia pessoalmente ao menos um dos líderes do EPP.
Pressionado, o presidente ordenou o início das operações militares para extinguir a guerrilha. Há três meses, o governo oferece recompensa de mais de US$ 100 mil para quem der informações que levem à prisão dos guerrilheiros. Painéis nas estradas e chamadas na TV estampam o retrato dos líderes procurados.
O governo quer evitar que o EPP siga o caminho das Farc e se associe com o tráfico de drogas para financiar suas ações.
Até o momento, não há evidências que os rebeldes trabalhem em conjunto com os narcotraficantes, que mantêm grandes áreas de produção e comércio de maconha na região de fronteira do Paraguai

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