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29.8.13

STF rejeita recursos de Dirceu

Guilherme Balza e Débora MeloDo UOL, em Brasília e em São Paulo


Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitaram, em sessão do julgamento dos recursos do mensalão na tarde desta quinta-feira (29), todos os embargos apresentados pela defesa do ex-ministro José Dirceu, condenado a dez anos e dez meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa. No julgamento do ano passado, a maioria dos ministros o considerou o mandante do mensalão. Dirceu foi ministro da Casa Civil no primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006).
O advogado de Dirceu, José Luís Oliveira e Lima, afirmou que respeita a decisão, mas que está otimista para a análise dos chamados embargos infringentes, já que não concorda com a fundamentação utilizada pelos ministros. "São flagrantes as contradições no acórdão como bem apontaram os ministros Lewandowski e Dias Toffoli. Eu tinha ainda uma esperança e confiava naquilo que argumentamos nos embargos."

A sessão foi suspensa por volta das 17h30 por causa de um impasse gerado na análise dos embargos apresentados por João Cláudio Genú, ex-assessor do PP na Câmara dos Deputados, condenado a sete anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção passiva (já prescrito). De acordo com o ministro Ricardo Lewandowski, que levantou a questão, a pena estipulada para Genú foi maior que a imposta aos seus chefes no PP.
O ministro Luís Roberto Barroso, então, pediu vista do processo, e a análise do recurso de Genú será retomada na próxima sessão, marcada para quarta-feira (4 de setembro). De acordo com o advogado criminalista Filipi Filadini, que acompanhou a sessão do Supremo na redação do UOL, o recurso feito pela defesa do assessor parlamentar José Cláudio Genú deve ser aceito pela Corte. "Os deputados que ele assessorava tiveram penas menores. Há um problema aí na aplicação da dosimetria", disse.
Dos 25 réus condenados no julgamento do mensalão, o Supremo já analisou os recursos de 19. Falta, portanto, julgar os recursos de seis réus. São eles o deputadoJoão Paulo Cunha (PT-SP), presidente da Câmara na época do escândalo;Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores); Pedro Corrêa, ex-deputado federal pelo PP de Pernambuco;Rogério Tolentino, advogado e ex-sócio do publicitário Marcos Valério; Breno Fischberg, ex-sócio da Bônus-Banval; e João Cláudio Genú.
Nesta quinta, os ministros ainda rejeitaram todos os embargos apresentados pela defesa de Cristiano Paz, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, apontado como o operador do esquema criminoso, exceto um que pedia uma correção material (quando há erro de grafia) na transcrição do acórdão, sobre a somatória das penas.

Recurso de Dirceu

O ponto que gerou maior divergência entre os ministros foi a pena pelo crime de formação de quadrilha. A defesa de Dirceu argumentou que o STF aumentou a pena em duplicidade (o chamado "bis in idem") com base no mesmo fato --ao apontar que ele organizava e dirigia a ação dos demais. Os advogados de Dirceu negam que ele fosse o chefe da quadrilha.
Joaquim Barbosa, relator do processo e presidente do Supremo, afirmou que a pena de Dirceu foi maior por causa da sua posição de liderança. "Não se trata de aumento facultativo da pena, e sim obrigatório (...) para aquele que comanda", disse. "Uma coisa é dizer que alguém tem uma posição proeminente; outra é dizer que ela comanda", afirmou.
Os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio não seguiram o voto de Barbosa. Para Toffoli, a pena imposta a Dirceu por formação de quadrilha foi aumentada duas vezes pelo mesmo fato, independentemente de sua "proeminente atuação" no crime. "Entendo que essa dosimetria é totalmente imprestável, não pode ser aproveitada pelo tribunal", completou Marco Aurélio.
Para o decano Celso de Mello, que votou com Barbosa, Dirceu "concebeu, idealizou, comandou, fez executar ou praticou ações criminosas voltadas à permanência de um determinado grupo no poder, de uma estrutura criminosa voltada para ações fraudulentas, notadamente no Congresso Nacional".

23.8.13

6 mil médicos cubanos importados para fazer propaganda comunista no brasil xôo azar

ANTÔNIO VIEIRA
As intenções do governo brasileiro com relação ao programa Mais Médicos suscitam algumas perguntas específicas. Os médicos cubanos poderão clinicar, em caráter privado, fora do horário regular a que estarão obrigados? Caso a resposta seja negativa, estariam eles, então, trabalhando em regime de dedicação exclusiva? Se sim, qual a base legal trabalhista dos seus contratos? Quanto é a taxa de administração que a mais nova entidade devotada à terceirização de mão de obra ─ a Organização Panamericana de Saúde ─ vai receber do governo brasileiro? Haverá, por acaso, mais alguma triangulação envolvendo, por exemplo, as fundações universitárias, sempre disponíveis para notórios arranjos visando ultrapassar barreiras legais em benefício de apaniguados?
Do ponto de vista fiscal, aliás, as “bolsas” são isentas de imposto de renda. Não são dúvidas preconceituosas. Médicos de países democráticos admitem o exercício liberal da profissão. Não é, definitivamente, a situação de Cuba. O enrosco com relação a eles tem mais o jeitão de acordo bolivariano, para não dizer coisa do Foro de São Paulo. Ah! meu caro, certamente vai sobrar um troco (das centenas de milhões previstos) para as turmas do PT e PCdoB que vivem agarradas como cracas nas burocracias acadêmicas e sindicais. Vão pipocar convênios e acordos onerosos para financiar eventos e atividades vinculadas ao empreendimento. O mais provável é a grana sair dos ministérios da Saúde e da Educação, cujas cornucópias são inesgotáveis.
Temos que reconhecer: esse pessoal é artista, sabe como tirar leite das pedras. Os procedimentos que o regime cubano parece seguir fazem lembrar tempos negros da escravidão. Ainda nos séculos XVI e XVII havia na África estados que se sustentavam no tráfico (principalmente na região do Sahel, fronteiriça ao Saara). Cuba, a propósito, já forneceu mercenários para guerras em Angola e outros lugares. No presente caso, os irmãos Castro ─ negreiros contemporâneos ─ alugam mão de obra (segundo a necessidade do freguês), num surpreendente processo internacional de terceirização do trabalho humano. São eles piores que os tradicionais coiotes que contrabandeiam gente nas fronteiras americanas.
Vejamos como se portam outras entidades internacionais, como a OIT, bem como instituições devotadas à proteção trabalhista no Brasil, como o Ministério Público e os teóricos da legislação do trabalho. Este assunto, não nos enganemos, vai render panos pra manga. O primeiro lote das peças caribenhas está a caminho. Breve ouviremos: “As galinhas chegaram”, conforme o jargão do passado anunciando escravos novos disponíveis.
Desconfio, no entanto, que um traço inerente à humanidade será a fonte de futuras confusões: o amor, este subversivo incontrolável! Homens, principalmente, logo ficarão sujeitos ao assanhamento irresistível junto aos moradores locais. A menos que só mandem casais estabelecidos ou eunucos ou bruacas indigestas (sem discriminar os gays), para os miseráveis grotões da pátria. Não há pecado do lado de baixo do equador!

WALDOMIRO DINIZ x-assessor de José Dirceu agora é consultor de ditadores africanos

WALDOMIRO NA ÁFRICA
Pivô do primeiro escândalo do PT no governo federal, Waldomiro Diniz reuniu-se na semana passada em um hotel em São Paulo com um empresário enviado pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Waldomiro, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil, é diretor da consultoria Kapilongo, que pertence a Claudemir Pereira, ex-prefeito de Guaraçaí (SP), sua cidade natal.
Ele usa a proximidade do PT com ditadores africanos para prospectar negócios no continente — atualmente, a meta é levar bancos brasileiros a operar crédito consignado em Angola.
Waldomiro foi demitido do governo em 2004, ao ser flagrado pedindo propina de um bicheiro.

quinta dia 23 de outubro,o dia que dirceu chorou

STF deve sepultar nesta quinta tese que beneficiaria Dirceu

Corte analisa recursos de Valério e Delúbio. E ministros devem enterrar tese petista que pede abrandamento de penas para crimes de corrupção

Depois de esvaziar a tese petista de que uma legislação mais branda poderia ser aplicada no caso de condenados por corrupção ativa e passiva no escândalo do mensalão, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na tarde desta quinta-feira a análise dos recursos de dois dos principais réus do esquema criminoso. A expectativa é que os ministros analisem embargos de declaração apresentados por Marcos Valério, o operador do mensalão, e pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

É no julgamento dos recursos de Delúbio que o STF pretende sepultar de vez qualquer tentativa de José Dirceu, José Genoino e do próprio ex-secretário de finanças do partido de verem suas penas por corrupção ativa atenuadas. Os três contestam a aplicação da Lei 10.763, de 2003, que aumentou as penas para condenações por corrupção do intervalo de um a oito anos para uma margem de dois a doze anos. Para os petistas, dois fatores deveriam ser considerados pelos ministros do Supremo para a revisão das sentenças: a tese de que os acordos políticos do mensalão foram firmados antes da vigência da lei mais gravosa e o entendimento de que o delito de corrupção é formal e se consuma instantaneamente com a simples solicitação ou promessa da vantagem, independentemente do efetivo recebimento do benefício.

Pelo raciocínio do trio petista, encampado pelo ministro Ricardo Lewandowski, conforme explica reportagem do site de VEJA, as negociatas e promessas de pagamento aos mensaleiros teriam acontecido todas antes de novembro de 2003, data em que a lei mais rígida sobre crimes de corrupção entrou em vigor. Por isso, as penas do chamado núcleo político do esquema criminoso deveriam ser definidas com base em uma lei mais benéfica, com sanção máxima de oito anos de prisão.
Na verdade, segundo atestou o próprio STF, a lei mais severa deve ser sempre aplicada se a participação criminosa se estendeu no tempo e se uma parte dos crimes ocorreu na vigência da legislação mais grave. Pelo entendimento dos próprios ministros, pouco importa se a trinca petista negociou o acordo político com o PTB, com o então presidente da legenda, José Carlos Martinez, antes da entrada em vigor da lei mais dura. Como o crime perdurou ao longo do tempo, as penas aos mensaleiros levam em conta a versão mais rígida, vigente na data do último ilícito. 
Nesta quarta-feira, por 8 votos a 3, o STF rechaçou a tese do ministro Lewandowski para aplicar uma pena mais branda ao ex-deputado Carlos "Bispo" Rodrigues pelo crime de corrupção - o que esvazia a defesa de Dirceu. O ex-chefe da Casa Civil foi o primeiro a apresentar um memorial à corte pedindo que os ministros considerassem os argumentos de Lewandowski. Foi voto vencido.
Enquadramento - A sessão desta terça foi marcada pelo "sermão" do decano da corte, Celso de Mello, contra a reação destemperada do ministro Joaquim Barbosa na semana passada, após travar um áspero bate-boca com Ricardo Lewandowski.
Antes de retomar a análise dos embargos, Barbosa tentou amenizar o clima de tensão. Apesar de ter se recusado a apresentar desculpas formais ao magistrado, a quem havia acusado de fazer chicana para protelar o julgamento, o presidente do STF tentou justificar seu arroubo. “Como presidente desta corte, tenho a responsabilidade de, respeitados os preceitos fundamentais (...), zelar pelo bom andamento dos trabalhos, o que inclui regularidade e celeridade dos trabalhos, uma vez que justiça que tardia não é justiça”, disse.
Em seguida, Lewandowski tomou a palavra e disse que o episódio estava “ultrapassado”, porque “este tribunal, por sua história, é maior do que cada um dos seus membros individuais”.
Coube a Celso de Mello fazer o discurso conclusivo: “Os juízes do STF têm consciência de que o exercício do poder somente se legitimará com o diálogo, com o debate, o respeito, o acolhimento da diferença e a existência harmoniosa, pois o Poder Judiciário no nosso país não pode ser uma instituição dividida e muito menos fragmentada por eventuais dissensões em seu corpo”. Ele também mandou um recado direto a Barbosa, sem citá-lo nominalmente: “Que fique claro que o STF, compreendido em sua incindível unidade orgânica, é mais importante do que todos e cada um dos seus ministros”, disse. “A História mostra que nos votos vencidos algumas vezes reside a semente das grandes transformações”, completou.

11.8.13

Zelite arrota que venceu o câncer se tratando em hospital de ponta - ou foda-se lula

símbolo da zelite(elite) lula vive muito bem desde que se aposentou aos 42 anos e ainda recebe pensão da previdência por ter sido preso por vandalismo durante 30 dias no período do regime de exceção.

O boquirroto lula da silva mais uma vez faz o papel de vitimado indo fazer checkup no sírio-libanês para segundo ele desmentir os boatos que o câncer teria retornado com metásteses,pois os boatos foram criados pela rede de áulicos do lulopetismo da esgotosfera,para depois o apedeuta fazer esse showzinho da vitimização e posar de "guerreiro contra o câncer" segundo ele não eu.
Essa rede suja bancada com recursos da união vem produzindo verdadeiros disparates contra opositores e sempre blindando a quadrilha petista,e se dizem "mídia independente" vide caso da fora do eixo que recebe recursos da lei rouanet.
Parafraseando o humorista marcelo madureira "o mal que o lula fez à sociedade brasileira.à nossa juventude,aos valores ,vai demorar gerações para acabar". 

Estou cada dia mais enojado de ver esse cidadão fazendo politicagem grotesca e ainda ganhando espaço na imprensa para criar fatos inexistentes e sair como vítima,estou cansado de tanta mentira usada como método,isso é fórmula do ministro da propaganda nazista joseph  Goebbels "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade",essa mentira tem nome,barba(agora bigode)lingua presa e nove dedos-lula.

Uruguai e a legalização da maconha

Entrevista - Vitore Maximiano


Uruguai adota posição 'audaciosa', diz secretário nacional de Políticas sobre Drogas

Para secretário, as relações fronteiriças se manterão inabaladas caso o país vizinho consiga controlar a produção e a comercialização da maconha


Há pouco mais de cem dias à frente da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão do Ministério da Justiça, Vitore Maximiano classifica os passos do Uruguai rumo à legalização da maconha como um processo “audacioso” e “ousado”. O vizinho sul-americano, diz o secretário, será acompanhado de perto caso o Senado confirme a aprove a medida – quenão tem o apoio dos próprios uruguaios. O impacto que a legalização traria ao Brasil, porém, ainda é incerto. Neste primeiro momento, outros países fronteiriços, como Bolívia e Colômbia, trazem mais preocupação ao governo brasileiro pelo fato de serem produtores de drogas e não possuírem políticas de controle. Maximiano aponta que o Brasil não segue rota similar à uruguaia: “É uma mudança que, a depender do parlamento, não deve acontecer”. Ele acrescenta outros fatores, como o tamanho da rede de saúde pública e a própria cultura dos brasileiros, como evidência do despreparo do Brasil para o livre consumo da maconha.   
Leia trechos da entrevista ao site de VEJA. 
Como o governo brasileiro observa o avanço do Uruguai no sentido de legalizar a maconha? No mínimo com muita curiosidade, como todo o mundo. As atenções de organismos internacionais, de países vizinhos, boa parte do mundo que tem interesse no tema droga, certamente estarão voltadas para o Uruguai para verificar essa experiência. É evidente que nós também acompanharemos de perto toda essa movimentação, até porque isso pode trazer reflexos para o país e para a nossa política.  
Quais reflexos? O Uruguai está adotando uma política que, neste momento, eles reconhecem como a mais cabível. De fato, a política do Uruguai tem sido bastante audaciosa. Eu tenho participado de debates no ambiente internacional, e o mundo busca alternativas para a política de drogas. O Uruguai dá o pontapé inicial com uma política muito ousada.   
A legalização preocupa? Pode ser que venha a preocupar. Mas nos preocupam muito mais outros países vizinhos onde há produção da droga. O Uruguai não produz. Pode ser que venha a produzir de forma lícita. Se houver controle dentro do Uruguai, com a produção voltada tão somente para seu consumo interno, talvez isso não traga maiores repercussões para o Brasil. O importante é que dentro do Uruguai haja controle, seja da produção, seja da distribuição, justamente para que não haja instrumentos e mecanismos para alimentar o mercado internacional.  

PERFIL

Mestre em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Vitore Maximiano, de 45 anos, tornou-se procurador de São Paulo em 1994. Em 2006, passou a atuar na área criminal da Defensoria Pública do estado na função de 2º subdefensor público-geral, cargo no qual permaneceu até assumir a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, em abril de 2013. É filiado ao PT.
Caso o Uruguai perca o controle, quais providências o Brasil teria de tomar? Se não houver controle, nós vamos tomar todas as providências que a gente vem tomando em relação aos demais países fronteiriços, onde há produção de droga, como ações mais fortes na fronteira. Vi uma notícia de que o próprio Mujica [José Mujica, presidente do Uruguai] mostrou que se eles perderem o controle, a legislação pode ser revogada. Então, se o Uruguai perder o controle lá na frente, que ele reveja a sua legislação.
O senhor acha que o Brasil está preparado para descriminalizar e legalizar a maconha? O debate aqui no Brasil ainda é muito inicial, e as ações para a descriminalização têm acontecido nos países de forma muito inicial também. O país mudou a legislação em 2006 e nós estamos a experimentando. Demos um passo fundamental na retirada da punição para o usuário. Hoje, se um cidadão for flagrado portando droga ilícita para o seu consumo, a possibilidade de ele ser preso é nenhuma. A legislação ainda trata o porte como uma conduta criminosa, a diferença é que hoje não há mais pena de prisão [o usuário terá de passar por medidas socioeducativas e de serviço à comunidade].
Leia também: Seis em cada dez uruguaios são contra legalizar maconha
Mas em relação às condições da saúde pública e do controle, o país está preparado para a legalização? Temos avançado bastante, mas, se nós considerarmos a rede de saúde, de fato o país não está preparado para pensar em uma política de descriminalização. E não sei se a polícia teria condições de fazer esse controle. Ela cumpre um papel de repressão. Talvez teríamos de pensar em agências, uma outra esfera. As ações atuais ainda não permitiriam a adoção de uma política como tal. Se de fato o país pensar na descriminalização, tem de dotar de rede de saúde, mudar a cultura das pessoas de compreender este programa.  
Quais outros fatores faltam para a legalização? Um debate amplo. Essa discussão tem existido no ambiente acadêmico, mas esse debate tem de avançar para o parlamento brasileiro. Não tenho visto essa discussão lá. Então, estimo que essa seja uma mudança que, a depender do parlamento, não deve acontecer. O que pode haver no Brasil é um fenômeno parecido ao da Argentina, onde a suprema corte do país decretou a descriminalização a partir de ações judiciais. O Supremo hoje tem uma ação de repercussão geral que vai analisar a constitucionalidade desse dispositivo que criminaliza o usuário. E, se o STF entender que esse dispositivo é inconstitucional e der um efeito para todos, aí, por decisão da Corte, poderá haver a descriminalização. Vale ressaltar que esse debate é tão somente sobre a maconha.
O senhor defende a prisão para os pequenos traficantes, aqueles que não comandam as organizações criminosas, mas que alimentam o tráfico? Eu sou favorável a um tratamento diferenciado para pessoas que são acusadas de realizarem o pequeno comércio da droga. Atualmente, a legislação já prevê um redutor de pena para quem é primário, que não tem ligação com organização criminosa e não se dedica a atividades criminosas. O que nós temos percebido é que este dispositivo não tem sido aplicado com o volume necessário. Em torno de 80% das prisões por tráfico de drogas realizadas no Brasil são prisões decorrentes de policiamento de rotina – o que significa que não houve investigação. Se não tem um serviço de inteligência que permita desvendar as ações e descobrir quem é o agente que comanda a venda de droga, nós acabamos somente prendendo pequenos vendedores – numa ação que muitas vezes não produz o resultado desejado, que é diminuir o tráfico. 
O senhor defende a diferenciação entre usuário e traficante? A lei já faz essa diferenciação. Quando se reconhece que estamos diante de alguém que é traficante, mas não é vinculado à organização criminosa e é primário, temos de aplicar aquele dispositivo da legislação. Eu acho que de fato o país precisa ter muito mais cuidado com as ações de polícia para que nós não cometamos injustiça e não haja pessoas que são somente usuárias presas por tráfico de drogas.  
Mas isso não é inocentar alguém que está alimentando um comércio ilegal? O usuário alimenta o comércio, não tenho dúvidas. Mas estamos em uma nova fase no país, e esse movimento é mundial: de tirar do usuário o peso da justiça penal e colocar sobre ele o foco da saúde e da reinserção social. O país fez isso em 2006, quando passou a tratar o usuário com esse enfoque. Não é um afrouxamento, porque o usuário é um paciente que está vivendo uma patologia. Criminalizar o usuário foi um movimento que não tem dado certo. O Brasil hoje encontra uma solução que manteve como conduta criminosa o porte de drogas para o consumo, mas não estão previstas penas restritivas de liberdade. 
O senhor apoia a internação compulsória? A legislação admite três modalidades de internação: voluntária, involuntária ou compulsória. A compulsória, aquela decretada pelo juiz, é muito rara no país. Isso precisa ser desmistificado: a internação em equipamento de saúde conduzida por médicos tem numa finalidade, que é desintoxicar alguém que está vivendo uma dependência de grande vulnerabilidade. Como toda patologia, a internação pode mostrar-se necessária. Mas não vejo como solução uma internação compulsória. Não acho que o juiz tenha critérios técnicos para avaliar se um paciente necessita ou não ser internado.